Num intervalo do tempo
A
noite caiu, e envoltos na semiobscuridade perdemo-nos (encontramo-nos?) nos braços um do outro, num abraço apertado que mal
chega para atenuar a saudade… a vontade… o desejo…esta fome de ti, que me domina
os sentidos…e que apenas se apazigua quando os nossos corpos se encontram…
A
urgência no beijo, no toque… no sentir pele com pele… mãos que deslizam sobre… e
sob a roupa, desnudando o que esta oculta…
No
prelúdio do teu toque… profundo e conhecedor, o meu corpo estremece… antecipando
a vertigem que as tuas mãos me prometem… o calor do teu toque no meu corpo… o
arrepio de prazer que o mero sentir dos teus dedos provoca…
Encostas-me
contra o carro sem me libertar dos teus braços que me envolvem… o teu corpo
contra o meu… o desejo mal contido que se revela em cada beijo, em cada
suspiro, no acelerar da respiração… o meu corpo implora pelo teu…
“Queres
sentir-me?” perguntas provocador… “Meu teaser… meu amor… sabes que sim!”… “De
certeza? Queres mesmo?” Insistes olhando-me nos olhos de uma forma que mais me
incendeia… quase não reconheço a voz rouca de desejo que te responde, “Sim! Quero
muito!”
Sem
nos importarmos com o resto do mundo…que estranhamente parece continuar a
girar, no banco de trás do carro, só nós existimos…
E
as roupas, fraca barreira que impedia há instantes o toque da nossa pele, jazem
no chão… deitas-me no banco, e sem que os teus olhos deixem os meus desces pelo
meu corpo… a tua boca quente toma para si a minha yoni que sinto estremecer… a tua
língua divina arranca-me gemidos de prazer… o meu corpo arqueia em resposta
querendo sentir mais de ti… o prazer que provocas é tão intenso que me pergunto
se será real… não sei como o fazes…que novas rotas desvendas no meu corpo que
me conduzem uma e outra vez ao pico do prazer…
A
tesão que me… que nos domina é tão intensa que raia a loucura… como se algo
sobrenatural… muito para além dos sentidos… tomasse conta de nós… incendiando-nos
e levando-nos a querer sempre mais…
“Vem
cá” imploro… “Quero sentir-te dentro de mim”
Mas
é mais do que querer… Preciso de te sentir dentro de mim! O que a minha voz não
diz, o meu corpo revela…esta necessidade premente de te sentir… “Por favor!”
“Queres
mesmo?” repetes provocador.
PRECISO
de te sentir! Grito sem proferir um som… mas tu sabes ler-me como ninguém…
E
então acedes ao meu pedido mudo, penetrando-me devagar…preenchendo-me de uma
forma tão perfeita que não pode ser deste mundo…A forma como te moves dentro de
mim… tocando pontos que nem eu sabia existirem… neste corpo que desde cedo
deixou (julgava eu!) de ter segredos para mim… “meu Eros reencarnado…” murmuro
sentindo esta fome de ti a acalmar…
E
páras… e recomeças… impondo um ritmo lento… deliciosamente torturante… quando eu
quero que te enterres bem fundo e bem forte dentro de mim… E tu sabes… mas
prolongas esta tortura que não o é… conduzindo-me devagar nesta estrada em que o
prazer é a bússola que nos guia… “Amo-te tanto!”
A
tesão que tomou conta de mim faz desaparecer tudo o resto que não sejamos nós.
Nada importa que não seja este sentir.
Aceleras
o ritmo e penetras-me profundamente… todo o meu corpo estremece com a
intensidade do orgasmo… sinto-te em mim… como se fôssemos um só…um só corpo…
uma só alma…completa enfim… ainda que por instantes…
Quero
abraçar-te e apertar-te contra mim… Dar-te tudo… dar-me toda…por inteiro…
“Deixa-me
saborear-te…quero sentir-te na minha boca…”
“Hoje
não meu amor… temos de ir… as horas…”
“Só
um bocadinho”… insisto.
Sinto-te
a sair de mim e o meu corpo reclama já pelo vazio que ficou para trás…
Sem
esperar “permissão”, coloco-me de forma a que a minha língua deslize pelo teu
lingam e os meus lábios to envolvam…
“Adoro
sentir em ti o meu sabor” sussurro, antes de voltar a engolir-te e a chupar-te
com sofreguidão…
“Temos
de ir…” insistes sem convicção. “Já são… horas.”
E
num momento a realidade… o mundo que fica para além dos vidros, agora
embaciados, do carro, regressa. Parte de mim recusa-se a aceitar que o tempo se
tenha atrevido a prosseguir, enquanto para nós, aqui, parou.
Um
beijo… um último beijo… até já meu amor.
E
como se estivessem à espera... aproveitando um qualquer momento de distracção, as saudades regressam… como se o que se havia
passado há instantes, não tivesse acabado de acontecer.
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